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QUEIMADAS

ICMBio Explica: Queima Prescrita na Ilha Grande faz parte do Plano de Manejo

Tersio Pezenti, analista ambiental do ICMBio, disse que a técnica é usada em todo o mundo.

Publicado em 30/04/2024 às 09:00
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Tersio Abel Pezenti, analista ambiental do ICMBio. (Foto: Portal da Cidade)

O município de Guaíra enfrenta dias sufocantes devido a uma queimada ocorrida no Parque Nacional de Ilha Grande. Para surpresa geral da população, descobriu-se que as queimadas são planejadas pelo próprio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), como parte do Plano de Manejo que institui as "Queimas Prescritas".

Tersio Abel Pezenti, analista ambiental do ICMBio, explicou que as “Queimas Prescritas” estão inseridas em um contexto que já ocorre em todo o mundo. "Seguindo a ideia de que é melhor queimar controladamente do que permitir incêndios descontrolados, as instituições brasileiras estão desenvolvendo este instrumento para controlar e evitar o acúmulo de combustível, prevenindo assim incêndios", informou.

Segundo o profissional, especialista em relação ao fogo, essa técnica consiste em realizar queimadas controladas em áreas específicas da vegetação, criando uma barreira natural que impede o espalhamento das chamas quando ocorrem incêndios não controlados. O objetivo é reduzir a quantidade de material combustível acumulado, fragmentando a vegetação e evitando que os incêndios florestais se espalhem de forma descontrolada.

Técio explicou que o Parque Nacional de Ilha Grande tem enfrentado grandes incêndios, sendo os últimos registrados em 2017, 2019 e 2021. Desde 2018, o ICMBio tem aplicado a técnica de queima prescrita como forma de reduzir o acúmulo de combustível vegetal e mitigar o risco de incêndios descontrolados.

Quando indagado sobre alternativas para prevenir esse tipo de ação, o analista observou que, para controlar o material combustível em áreas menores, há técnicas menos impactantes disponíveis. Entretanto, em regiões extensas, como é o caso da Ilha Grande, onde a queima é viável, o uso controlado do fogo emerge como a melhor opção.

Existe uma reclamação por parte da população da cidade quanto à sensação de abafamento provocada pela fuligem. Tércio explicou que, mesmo com um planejamento cuidadoso a longo prazo e condições climáticas favoráveis, a equipe foi pega de surpresa por uma forte onda de calor que não estava dentro do padrão esperado para o momento, tornando a atividade um pouco mais desafiadora e sujeita a críticas. No entanto, o técnico ressaltou que a fase mais crítica já passou e, com a previsão de chuvas nos próximos dias, espera-se que esse inconveniente possa ser superado.

Perguntado sobre os próximos passos, o analista ambiental disse que a próxima ação está planejada para novembro e dezembro deste ano, na parte central do Parque, entre Altônia e São Jorge do Patrocínio. “Aqui, nessa região, vamos aguardar o fogo atingir a área alvo dessa queima e, então, vamos avaliar se será necessário fazer algum complemento. A princípio, após essa ação atual, a próxima está prevista apenas para o final do ano”, reiterou.

Quanto ao fato da população ter sido pega de surpresa com a informação sobre a queima prescrita, Tércio explicou que a ação envolve diversas pessoas, incluindo a brigada do Parque, as forças de segurança e os municípios vizinhos à Ilha Grande. "Realizamos uma construção coletiva com uma parcela significativa da sociedade, especialmente os usuários do território do parque, pescadores, apicultores e alguns moradores locais. Além disso, contamos com a colaboração de outras instituições e da sociedade em geral. Promovemos diversas reuniões, tanto internas no Instituto quanto com outras instituições públicas, buscando parcerias para conduzir essas queimas da melhor forma possível", explicou.

Apesar dos desafios da comunicação para atingir seus objetivos, o analista reafirma que o ICMBio orienta a população a buscar sempre informações oficiais e a verificar a veracidade das notícias recebidas.

Quanto aos efeitos colaterais ocasionados pelas queimadas, Tércio explicou que, devido ao tamanho extenso das áreas, é difícil alcançar uma perfeição em toda a região, mas nosso objetivo é reduzir significativamente os impactos negativos. "Claro que nos preocupamos com a fauna, por isso estamos atentos a qualquer questão relacionada aos animais, mantendo acompanhamento e monitoramento constante nas ilhas. Contamos com parcerias sólidas para fornecer uma resposta rápida a qualquer contratempo", afirmou.

O técnico orientou também que devido ao contexto das mudanças climáticas, é possível que ocorram incidentes mais intensos em áreas que normalmente não seriam afetadas com as queimas prescritas, mas que em comparação aos incêndios descontrolados, os danos tendem a ser bem menores e aceitáveis.

Esta ação desenvolvida pelo ICMBio está programada para ocorrer até o dia 5 de maio. Após isso, Tércio acredita que, exceto por intervenções específicas, a região deve permanecer livre de queimadas e incêndios por até três anos. Para esclarecer quaisquer dúvidas, o analista ambiental se colocou à disposição da população e reiterou o compromisso do ICMBio em trabalhar pela conservação ambiental e pela segurança das comunidades locais.


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